domingo, 3 de janeiro de 2010

GELADEIRA

Esse é o meu primeiro post de 2010. Estou aqui para contar que nessa noite, que mudava do segundo para o terceiro dia do ano, sonhei que eu e Camila, a menina que mora comigo no Rio de Janeiro, estávamos com todas as nossas coisas em uma casa em Santa Teresa. Era uma casa grande, velha, de madeira, e com um grande vale à frente. Estava eu, sozinho em casa, mas acompanhado por um senhor, que me ajudava a descarregar as nossas coisas. Na verdade, tenho a sensação de que, em alguns momentos, estávamos nos mudando para lá, e em outros, estávamos saindo de lá. Não posso ter certeza. Só sei que, em certo momento, o velho senhor me deu a ideia de vender alguns dos objetos, como em uma garage sale. Deixávamos entrar uma pessoa de cada vez na casa. Lembro de um momento em que uma moça negra e gorda entrou e começou a pegar desesperadamente alguns objetos e guardar na bolsa, de forma tão brusca que era impossível não notar. Tivemos que pegá-la pelo braço e fazê-la devolver tudo. Guiamos-na até a porta e, quando abri, vi uma multidão de pessoas na frente, cena que me assustou. Mas alguém ali no meio me entregou um pacote. Era um pacote enorme, pesado. Curioso, peguei-o e o levei para dentro. Ao rasgar, vi que era uma geladeira duplex, marrom-claro de geladeira, meio anos 90. Havia junto um bilhete, dizendo que quem me dera havia sido a Crê. Dois anos depois de tudo. Ao descobrir, comecei a chorar compulsivamente, pois ela havia guardado aquilo para mim. Como se tivesse previsto que um dia eu iria sair de casa e morar sozinho. Aquilo foi para mim uma catarse. Algo que me fez compreender a importância que eu posso ter na vida dos outros. Uma amiga de verdade pensou em mim, e fez algo por mim mesmo não estando mais aqui entre nós.

Te amo, pra sempre.
Mauricio

(Feliz ano novo!)