terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

PRECISA

- Ontem eu te liguei e, enquanto o telefone chamava, eu parei pra me perguntar o porquê de, novamente, ser eu a te procurar. Porque será que eu sempre sou o primeiro a ceder, o primeiro a baixar a cabeça? Porquê? Engraçado isso, eu sou totalmente fraco. Não fraco. Não tô achando a palavra. Eu sou como uma criança, que esperneia, briga, agride, mas no final sempre se vê numa situação de dependência do adulto, e acaba indo atrás dele. Eu sou a criança, tu é o adulto. Sabe quando a criança desobedece, faz birra no supermercado, e o pai diz: Ok, filho, fica aí então, eu tô indo embora. Daí o pai se afasta e a criança nota que não vai conseguir ficar sozinha, e sai correndo atrás dele. Acho que a nossa relação é mais ou menos assim. Na verdade, a minha relação contigo é assim. Eu dependo de ti, sabe? Eu sou uma criança em todos os aspectos, eu preciso da tua aprovação, eu acredito nas tuas opiniões, assim, cegamente. Então, quando tu discorda de mim, eu me irrito, me irrito como a gente se irrita com os pais quando eles não entendem que a gente precisa daquele tênis que tá na vitrine, assim como daquele pacote de bolachas recheadas de morango. Mas os pais, dentro da sua cegueira causada pela superioridade em que se encontram, não são capazes de perceber a gravidade da sua ausência em relação aos pedidos dos enfantes. Foi então que, no meio de todos os meus loucos devaneios, tu atendeu o telefone. E, naquele breve momento, eu entendi o porquê de eu sempre fazer questão de dar o braço a torcer.